Partiu o último Quarteleiro – O Jaime

O Sub-chefe Jaime, do quadro de Honra dos Bombeiros da Cruz Branca de Vila Real, faleceu no passado dia 11 de outubro.

Encontrava-se doente e esteve hospitalizado durante várias semanas no Hospital de S. Pedro.

Este Bombeiro iniciou as funções de Quarteleiro na Cruz Branca, em 1972. Foi uma figura carismática nos Bombeiros. A sua esposa D. Maria José atendia o telefone, tocava a sirene e efetuava os procedimentos em vigor na altura. Viveram durante 33 anos no Quartel Eng. Arantes e Oliveira.

A evolução da estrutura dos Bombeiros implicou a criação dos Operadores de Central que passaram a exercer as funções nas Centrais de Comunicações em turnos rotativos. Solução idêntica passou a ser usada nos motoristas de serviço, ficando, assim, substituída a figura do Quarteleiro.

Como Quarteleiro, Motorista e Bombeiro, “ O Chefe Jaime” como era conhecido, prestou muitos serviços de grande valia à comunidade.

É preciso recordar que o nosso Velho Hospital não dispunha de meios humanos e tecnológicos para assegurar o apoio à população da região e efetuavam-se, deste modo, inúmeras transferências diárias para os hospitais do Porto.

O percurso era feito pela antiga estrada nacional 15, serpenteando a Serra do Marão, a qualquer hora do dia ou da noite, com neve ou com gelo. Foram longos anos numa correria para o Porto em que os doentes muito raramente eram acompanhados pelo médico ou enfermeiro, sendo entregues a homens bons como o Jaime.

No embarque dos doentes, por vezes, os médicos na porta do Velho Hospital recomendavam à luz de uma convivência diária e amiga “ o caso é grave, não percas tempo Jaime”.    

A Ford Taunus azul,  a Mecedes-Benz e mais tarde as várias Volvo eram as máquinas que cortavam o Marão em contra relógio até ao Porto. O sucesso da recuperação de tantos cidadãos não se pode atribuir em exclusivo ao ato médico, mas também à disponibilidade e espírito de sacrifício do Jaime e de tantos outros que tripularam as ambulâncias em condições difíceis e que ainda hoje com uma evolução marcante na formação dos operacionais e nos equipamentos continuam a apoiar a população nas mais diversas vertentes da saúde.

Os incêndios eram “feitos” na sua maioria com o Chevrolet C60 de 1970, que o Jaime dominava tanto na estrada como na engrenagem da potente Bomba Darley-Champion. Mais tarde no início dos anos 80, aparece o Chevrolet Falcon com a utilização de espuma, mas com menos potencial de ataque ao fogo, no entanto com uma rapidez fulminante na estrada.

É com o desaparecimento do Jaime Alves Monteiro, que se fecha mais um capítulo da história dos Bombeiros da Cruz Branca.