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História

O Corpo de Salvação Pública foi criado por deliberação do Presidente da Câmara, Dr. Domingos Lopes da Costa, em 20 de Agosto de 1897, poder que lhe tinha sido conferidos pela vereação, nas sessões dos dias 12 e 19 de Julho, e após solicitação de vários cidadãos vila-realenses, face à desorganização em que se encontrava a Corporação dos Bombeiros Voluntários. Na mesma data nomeou Manuel José de Moraes Serrão inspetor geral de incêndios e comandante do novo corpo de bombeiros. Após dar conhecimento destes factos à vereação em sessão de 30 de setembro foi discutido e aprovado o regulamento deste novo serviço de incêndios.

Porque, entretanto, não havia estatutos aprovados pelas autoridades superiores, a edilidade, presidida, por Augusto Pereira de Aguiar, extinguiu o Corpo de Salvação Pública, em 20 de abril em 1899. Contudo, sem deixar de existir e atuar, um grupo de bombeiros desta agremiação, com a ajuda financeira do Comendador José Augusto de Barros, reorganizou este corpo, criando a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública, com estatutos legalizados pelo Governador Civil, Conde de Mateus, em outubro deste mesmo ano, apresentando-se ao público vila-realense no dia 6 de janeiro de 1900, dia de Reis. Desde, então, este dia foi escolhido, simbolicamente, como o da celebração da sua instituição.

Em 1920, com a criação da Secção de Saúde ganhou a designação de Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública e Cruz Branca de Vila Real. Dissolvida em finais de 1934, retomou a sua atividade no mês de maio seguinte, após aprovação de novos estatutos, impostos pelo Governador Civil, Tenente Assis Gonçalves. Como todas as corporações, no século XIX, arrumava os seus equipamentos em armazém ou nas denominadas «casas das bombas», que, no caso, deste Corpo, se situaram, por ordem cronológica, no Largo Príncipe Real (hoje Avenida Carvalho Araújo), depois na Rua da Portela (atual Teixeira de Sousa) e Rua da Alegria (atual Alexandre Herculano). O primeiro quartel, propriamente dito, denominado, Moraes Serrão, foi inaugurado em 6 de janeiro de 1906, na Rua dr. Roque da Silveira (também conhecida por Rua Direita). Em 1967, a Associação Humanitária mudou-se para o quartel Engº Arantes e Oliveira, situado na Rua D. Margarida Chaves e, desde 2013, fixou-se, nas Flores, em terreno oferecido pela Câmara Municipal, dando, novamente, o nome de Moraes Serrão a este quartel.

Socialmente conhecidos, durante décadas por «Bombeiros de Baixo», em contraponto com os seus homólogos da Cruz Verde, designados por «Bombeiros» de Cima», mas também por «Morcegos», derivado ao treino noturno, no quartel da Rua Direita, adotaram a divisa ”Adsumus in periculo – estamos sempre no perigo” que, a par da «vida por vida» e «a Bem da Humanidade», sintetiza na perfeição a sua principal missão e exprime, o sacrifício, a coragem, a abnegação, enfim, a excelência do ser bombeiro que nesta corporação é simbolizada pelo bombeiro Porfírio Pereira, falecido durante o ataque a um incêndio urbano, em 18 de Novembro de 1941.

Fazendo jus à proteção de vidas e bens, o Corpo Ativo da Associação, de que faz parte o elemento feminino, desde 1995, agrega em si os seguintes grupos: Grupo de Mergulho; Unidade especial de Resgate; Grupo de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas; Equipa de Intervenção Permanente; Grupo do Serviço Básico de Salvamento e Luta Contra Incêndios (Aeronaves) e Equipa de Proteção e Socorro do Túnel do Marão.

Segundo os estatutos atuais a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública e Cruz Branca de Vila Real, que goza do estatuto de utilidade pública, desde 25 de Janeiro de 1928, tem como finalidade principal “a protecção desinteressada de vidas e bens”(art.º 3º, §1). Além do fim humanitário, a Associação “poderá desenvolver actividades no âmbito da cultura e recreio, do desporto e da saúde, para aperfeiçoamento cultural, moral e físico e prestação de assistência médica aos seus associados, bem como prosseguir quaisquer outras actividades de reconhecido interesse comunitário no domínio da solidariedade social (artº 3º,§2).

Dando cumprimento ao normativo, esta Associação Humanitária tem desempenhado uma função social em vários domínios: participação em atos religiosos, apoio a organismos locais, apoio psicológico às populações, abastecimento de água em períodos de carência, presença ativa em eventos desportivos, ações de solidariedade a nível local e internacional, etc.

A vida da Associação desde cedo alargou o âmbito da sua atividade, sempre próxima das populações: Futebol (1923-1930, a disputar campeonatos regionais), atletismo (segunda metade do sec. XX e sec. XXI) e outros desportos, teatro – com grupo cénico próprio, especialmente nos seus aniversários (ao longo de século XX) -, cinema ( anos 70 e 80) ; orfeão (anos 60 e 70), banda de música (início do século XX), fanfarra (desde os anos 60).

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública e Cruz Branca de Vila Real, agraciada com o Grau da Ordem Militar de Cristo, em 1931, e ostenta várias condecorações e regista vários louvores. Por concessão de Sua Excelência o Senhor da República a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública e Cruz Branca de Vila Real passou a ser, desde 1 de setembro de 2022, Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique.

A História da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública e Cruz Branca mostra, ao longo dos seus 125 anos, agora celebrados, a dimensão e a diversidade de serviços procurando o bem-estar, a segurança de pessoas e bens das populações.